As Armadilhas do Consumo – Márcia Tolotti
Escrito por uma psicanalista que também é psicóloga (ou seria uma psicóloga que também é psicanalista?), o livro Armadilhas do Consumo tenta preencher uma lacuna no mercado, tentando dar uma luz em perguntas perguntas básicas como: Por que consumimos? Como lidar com o consumo desenfreado?
A autora parece entender muito do assunto, mas a maneira com que o livro foi escrito impede que eu o recomende. Aqui eu preciso abrir um parêntese para explicar que eu, por ser escritor, tenho dificuldades em ler livros em que eu fico com a impressão de que eu teria escrito melhor. É pelo mesmo motivo, também, que eu não canso de elogiar determinados livros e autores, pois sei que eu não faria melhor.
Voltando ao livro em pauta, a autora escreve em um tom de pesquisa, formal até, com um texto que deixa uma distância entre o texto e o leitor. Entendo que possivelmente não era a intenção da autora escrever um livro de auto-ajuda, porém o subtítulo “Acabe com o endividamento” me faz entender que o texto deveria ser mais cativante.
A leitura do texto é cansativa, chegando a ser irritante, pois o texto não é fluido. A cada dois ou três parágrafos há uma “caixa” com texto dentro, que quebra a leitura. Algumas horas essa caixa é usada adequadamente – para dar um exemplo – mas na maioria das vezes o texto dentro das caixas deveria ser simplesmente um texto corrido dentro do texto principal.
A autora cita várias pesquisas, mas com apenas uma ou duas exceções, ela não cita a fonte (“Pesquisas indicam…”, “Deu no jornal que…”, etc). Isto é um dos erros primários presentes em qualquer lista de como não escrever um texto. Afinal de contas, sem fonte o autor pode inventar o que bem entender, fora que não passa credibilidade para quem está lendo.
Em alguns pontos os próprios resultados de pesquisas publicados são incompletos. Por exemplo, na página 34: “Até 2003, a média de financiamentos entre os jovens era de 9 parcelas; em 2006, pulou para 15 prestações. Quarenta e cinco por cento das compras de roupas e calçados são realizadas por jovens da classe C”. O que é “jovem”? A autora não especifica a faixa etária deste grupo. O que é “classe C”? A autora não explica.
O livro não é, no geral, o que eu chamaria de um livro ruim, só acho que ele poderia ter sido melhor escrito, cativando e envolvendo melhor o leitor. Poderia também ter mais estudos de casos reais. Pontos importantes deveria ser mais enfatizados, mas o livro dá o mesmo peso para todos os assuntos tratados. É um livro que fica muito no plano “mental” em vez de convidar o leitor a fazer uma ponte entre a parte “mental” e ações efetivas para resolver problemas de endividamento.
A propósito, é sempre curioso ler livros escritos por pessoas de outros estados. Não fosse este livro eu não descobriria nunca que no Rio Grande do Sul guarda-roupa se chama roupeiro.
Conclusão Final: Não Recomendado
Ficha Técnica
Título: As Armadilhas do Consumo
Autor: Márcia Tolotti
Editora: Campus
Número de Páginas: 144
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